quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Túnel



Um túnel... Entro sem olhar para trás, embora sinta, ainda, a Luz de onde vim.
Conforme entro vou andando, cada vez mais depressa. Para trás, nada vejo ou nada quero ver. Procuro o “à frente”. Continuo a andar. Sinto presenças atrás e à frente. São pessoas, são almas que, como eu, percorrem o túnel. O que pensarão?
– Olá, como estás?
– Bem, obrigado.
Conheço pessoas, convivemos. Faço amigos e continuo a caminhar.
De repente, apercebo-me que algumas pessoas caminham mais depressa, desaparecem;  outras há que andam mais num passo mais lento. Tenho tempo. Penso no que me fez entrar no túnel, penso no que faço aqui e agora, penso no para onde vou.
Guaritas? Que estranho... Entro numa. Não, não são guaritas, são passagens para outros túneis onde circulam mais pessoas.
Conheço alguém muito especial. Caminhamos juntos, conversamos, pensamos, trocamos de túnel com alguma regularidade.
Durante muito tempo caminhamos juntos, amamo-nos. Somos pais! Somos felizes, estamos preocupados.
Conhecemos os túneis, mas não sabemos como fazer com que o nosso filho siga pelos melhores.
Lembro-me, com a idade dele, de entrar no túnel, correr, procurar, conhecer...
Cresceu. O nosso filho cresceu e optou por seguir por outro túnel.
Por vezes encontramo-nos no caminho. Está diferente, mais parecido comigo. Também ele é pai! Somos felizes.
Continuamos juntos, eu e a minha companheira. Começamos a olhar para trás. Cada vez com maior frequência. Já quase não procuramos mudar de túnel.
Sem contar, ela que sempre me acompanhou, desata a correr para a frente, desaparece, talvez num outro túnel.
Reencontro o meu filho e o filho dele. Curiosamente, este último, está cada vez mais parecido com a avó. Onde estará ela agora?
Saem. Seguem por outro túnel. Fico só.
Nunca mais acaba, este túnel... Procuro, à frente, a Luz que deixei para trás. Será igual?
Sinto vontade de correr. Corro! A Luz! Vejo-a; sinto-a; quero-a!
Será que a encontrarei aí? A minha companheira de sempre?
Chego ao fim. Não há mais túnel, apenas Luz.
Sinto-me bem! Quente, saudável.
Tenho vontade de berrar. Berro!
Ufa.
Um túnel... Entro sem olhar para trás, embora sinta, ainda, a Luz de onde vim.

NdAA 20/01/2010



sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Isabel,

Gostava de te dar o Ceú, com todos os planetas, galáxias e constelações nele visíveis.
Mas não posso.

Gostava de te dar o mundo, com todos os locais exóticos e povos que nele habitam.
Mas não posso.

Gostava de te dar uma praia, de areias brancas e águas límpidas e quentes.
Mas não posso.

Gostava de te dar uma rua, com o teu nome. Ladeada por casas individuais, com grandes jardins e piscinas. Habitada apenas por aqueles que mais queres.
Mas não posso.


São muitas as coisas que gostava e não te posso dar. Mas acredito que,
 juntos, tudo podemos conquistar.

Parabéns minha querida!


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Nada

Meus caros leitores, fui confrontado com a proposta de escrever, uma vez mais, um texto argumentativo.
A novidade, desta vez, foi o um big nada; não me foi facultado nenhum tema. Assim, de repente, o que me surgiu foi… nada. Andei durante alguns dias a pensar no texto, e... nada... Por isso decidi escrever algo sobre nada.


(Temos então de começar por defender nada).


“Eu sou a favor de NADA!”


(Agora temos de argumentar de forma positiva e convincente).


Já alguma vez se aperceberam da importância que nada tem nas nossas vidas?
Pois é meus amigos, todos nós passamos as nossas vidas a trabalhar, e para quê? Para nada. E se perdemos tanto tempo, para nada, não será melhor começarmos desde cedo a aproveitar nada?
“Bem! Estava cá com uma gripe! Mas já não tenho nada.”; “Ui! Nem me digas nada!”
Quantos já dissemos, ou ouvimos dizer, este tipo de frases?


(Entra a oposição, os que querem tudo, com os contra-argumentos de nada).


Sim, sim... Nada é bonito, até se ter tudo!
De que vos serve não ter nada quando podem ter tudo? Ou pelo menos alguma coisa?
“Ando muito em baixo, o emprego não me leva a nada.”; “A minha mulher não quer mais nada comigo.”; “Não tenho nada para comer.”
É por estas e por outras que devemos querer tudo!
(Passamos a contra-argumentar os contra-argumentos da contra-argumentação, ou algo parecido...)
Nã, nã!! Já repararam que, vocês, os que querem tudo, quando falam de nada, negam-no? Ora quando o fazem, como em “Eh pá, não tenho nada...”, de forma pejorativa, contradizem-se, pois se não têm nada, algo têm.
Parafraseando uma das maiores pedopsicólogas da actualidade, “Não tenho nada, mas tenho, tenho, tudo.”!


(Estamos quase no fim, entram agora os argumentos finais)


Está na altura de nos impormos! Sonhamos com algo, para NADA! Trabalhamos, para NADA! O que sabem os nossos chefes? NADA!
CHEGA!!!!!


(Acabou, concluímos)


Nós queremos NADA!

Meus caros leitores, muito obrigado pelo vosso tempo.
(Com certeza terão respondido, “de nada!”)




Texto criado para a disciplina de "Teorias da Argumentação e Técnicas de Expressão" em 22/12/2010.